quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

uma rua chamada moeda

De quantas formas um bairro pode fazer parte de uma vida?
 E uma rua?
É algo relativo e sempre dependerá de como as pessoas vêem o mundo, o vivem e se relacionam com seu meio.
Uma cidade é uma entidade viva, pulsante, de veios sanguinolentos e cálidos a contar histórias e a receber e dar influências a quem se permita.
Poucos lugares relacionam-se tão bem com a diversidade quanto meu recife (o bairro), e poucos redutos são tão emblemáticos quanto minha moeda (a rua).
Idolatrada, personificada, maltratada, estereotipada, vitimada pelo preconceito, amada, festejada, tantos adjetivos cabem nela.
Na rua da moeda cabe um universo, coexistem figuras e histórias tão distintas que só fazem aumentar sua magia.
Se você disser que freqüenta a rua, pode ser alvo de um olhar que traduz, é maconheiro, é roqueiro doidão... hahaha
Delícia essa imagem marginal dos frequentadores de minha rua, sim senhores se você lá vai deve ser indubitavelmente da tribo dos roqueiros, aquelas figuras que se amontoam tal quais corvos em bando, pousados em suas calçadas, sempre estranhos a ouvir musicas estranhas, ok curto rock e não vivo all Black, você crê? Yes!
Ou pode ser um apreciador da canabis, que se refugia para poder fazer em grupo o que é não-legal... haha nem sempre.
Ou você é alternativo, curte um som diferente, maracatu, coco, seiláoque, essas manifestações que fazem todo domingo, coisa que turista gosta.
Nem sempre amigo.
Pois bem, a rua da moeda aceita todos, e mais ainda, na minha adolescência predominantemente amante do rock e do alternativo encontrava-se lá, pessoas politizadas, com discurso e idéias, ideais e bom humor, tudo regado a vinho barato, cerveja, muita risada som alto e conversas infindas, nas mesas dos bares não tão bonitos, mas sempre tão atrativos, bar do seu rainha sempre a nos tratar como filhos, se o som não agradava era só pedir aplaudir gritar que a coisa se resolvia, sem estresse, brigas ou coisa assim, as calçadas eram ótimas companheiras, claro nem sempre estudante tem grana, então, cota para a bebida e calçada para sentar...
O importante era estar...
Tanta gente interessante, tanta ideologia ali presente, depois que a soparia do Roger fechou, creio que seus órfãos migraram para a rua da moeda.
Tantos anos e tantas mudanças em minha rua,em muitos momentos os que a freqüentavam, sentimo-nos preteridos, a despeito de obras que não acabavam, tentaram elitizar minha marginal, não sou contra o novo, pelo contrário, sempre bom coisas novas e que somem algo, galerias e restaurantes finos, olha a marginal virando Cult!
Reforminhas e tentivas de elitizá-la não declarados claro...
Não adianta, os corvos ainda estão lá, nossos bares de paredes sujas também, os que gostam de reggae ainda colorem as calçadas e agora dividimos nosso espaço com rodas de samba, e personagens que não sabem o que o movimento mangue representa...manguebeat?  Que é isso mesmo?
Ok, sem preconceito, afinal a moeda tem mais que duas faces, cabem meu recife inteiro, se você declarar-se freqüentador não adianta, ainda vão te chamar de doidão...
Mas é bom ser doidão na moeda, quando lá estamos com amigos conversando, lembramos que nem tudo é feio e promíscuo, que apesar de... tanta coisa
Ainda somos livres pensantes e que idéias surgem o tempo todo, que Chico science está vivo, e que o mangue se reinventa, minha manguetown tem uma rua das  mais cosmopolita deste mundinho mais ou menos.
E lembramos que não precisa de motivo pra p.n., nem de evento acontecendo basta chamar os amigos pra tomar uma cerveja ou um vinho gelado na rua da moeda, que o resto é história!

















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