quinta-feira, 19 de abril de 2012

DESEJO SER RETRATO


DESEJO SER RETRATO


Um dia serei retrato
Na parede talvez, na cabeceira, quem sabe, numa mesinha, quiçá.
E alguém perguntará (ou não) quem foi àquela pessoa
Talvez alguns pensarão sobre os olhos, o que expressam?
 O que transmitem?
Desejo ser sépia ou preto e branco
Infinitamente mais poéticos que os coloridos...
E se alguém lembrar do rosto do retrato
Que lembrem dos sorrisos, e dos abraços e dos momentos lindos.
Por trás de cada olhar há uma vastidão a ser desvendada
Eu mesma, ao olhar antigas fotografias de minha família.
Tento capturar seus pensamentos
E sentimentos e anseios...
Como se fosse plausível...
intocável
indizível
Porém, absurdamente perturbadores, e tentadores de minhas idéias.
São os retratos que admiro...
Eles nos fitam e parecem zombar
Da placidez de suas faces
Parecem nos dizer quão melhor foi à vida outrora
E que aquele rosto a me fitar, será imortal.
Perenemente em paz.
Desejo ser retrato!

E acima de tudo desejo que lembrem do retrato e digam
 Ela?foi feliz!







domingo, 4 de março de 2012

UM DOMINGO NA PRAÇA






A vida poderia ser sempre como um domingo na praça
A alegria das crianças sorrindo
O carinho desprendido dos cãezinhos
 E sabor da pipoca preparada com tanto carinho...

Queria que ela fosse plácida como os olhos dos velhinhos
E sábia como seus conselhos
E tão musical quanto o gorjeio dos pássaros

Queria caminhar a vida, lentamente, contemplando o fruto
Fecundar a semente, e admirar a flor.
Deitar na grama com sol na face, e esquecer-se de tudo o mais!
Seria sempre uma manhã de domingo na praça...

Queria toda manhã alimentar os patos
E observar os peixinhos, sob frondosa árvore
Poderia cochilar à tardinha...
A vida poderia ser sempre como um domingo na praça...

Ali o tempo parece suspenso
Um casal trocando olhares e carinhos
Dizendo mais que qualquer verbo o faria...
Olho nos olhos a pele, o toque
E a vida é um romance dos anos 20,
 plácido, singelo, tímido, profundo

Queria ter a pressa de correr que os meninos possuem
Sem esta urgência louca de nunca olhar pros lados
Gritar o nome das pessoas com alegria
Sem precisar preterir um bom dia

Passaria a tarde contemplando o céu azul
A desvendar formas nas nuvens, pueril e delicioso ofício
Que em algum momento deixamos de praticar
A aventura seria atravessar a ponte sob o lago
Alcançar o vendedor de algodão doce
Sem problemas para desanuviar.

A vida poderia ser sempre como um domingo na praça
Onde a lei é sorrir e a única obrigação
É ser feliz.











idílio

são tantas as ilusões
são tantos os descaminhos
perdi-me mais uma vez
haviam sonhos, eu construi...
haviam dores,eu vivi...

essa incessante vontade de viver-te
noites passei sorvendo estas lágrimas
que eu mesma provoquei
e este idílio tão ardente
que em meus devaneios creio reais.
triste destino em sonhos crer

mas eram sonhos ou pesadelos?de certo não saberei
eras uma figura inerte porém...
em meus sonhos foste o desejo mais ardente
e no entanto aqui estou
plena deste sentimento que só idealizei
e nunca vivi.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

15 anos sem Chico science



Eu vim com a Nação Zumbi
Ao seu ouvido falar
Quero ver a poeira subir
E muita fumaça no ar
Cheguei com meu universo
e aterriso no seu pensamento
Trago a luzes dos postes nos olhos
Rios e pontes no coração
Pernambuco embaixo dos pés
E minha mente na imensidão.
(Mateus enter)

Cá estou eu com a cara de pau que só quem admira muito um ídolo pode ter para escrevinhar umas palavras, extremamente passionais, bairrista sim e daí?
Pernambuco poucas vezes teve um personagem tão influente, tão genial quanto Chico, a lama desse manguezal foi um manancial de inspiração apara esses caranguejos com cérebro, cabeças pensantes e atuantes que fizeram deste lamaçal, uma referencia de música movimento e atitude, Chico se foi, mas seu legado foi tão forte, tão genial que nunca vai sair de cena, impossível conhecer sua arte e ficar passível, arrisco a dizer que ninguém escapa impune ao mangue beat.

Não consigo ouvir suas músicas sem me arrepiar, não dá pra não pensar que a lama cheia de urubus ainda vive aqui, cada dia mais forte, mais nojenta, a manguetown está infestada deles, nada muda, o de cima ainda sobe e o de baixo, bem sabemos o resto...
O seu movimento ia além das musicas, chamava as pessoas a pensar, questionar a sociedade, esse coronelismo imundo disfarçado de democracia... bem, Fred zero 4 escreveu o manifesto caranguejos com cérebro, e disse muita coisa.
 “a cidade acordou com a mesma fedentina do dia anterior”, não estamos falando apenas da catinga (fedor, mau cheiro) que emana dos canais putrefatos da cidade, podemos ir além nesta fedentina... ou seja nada muda nesses 15 anos...
Nunca vi Chico ao vivo, se foi eu era muito nova, mas atravessei a adolescência sendo influenciada por seu som, suas letras e vi feliz que meu irmão gostava do que ouvia, sim mais um mangueboy, e esta admiração se renova, se reinventa, cresce cada dia, não ousaria dizer que todos súditos da nação são politizados e tem uma questionamento social e político ou tem o discernimento para um dialogo sobre as questões da cidade, mas arrisco dizer que os que acompanham o movimento, em sua maioria possuem um olhar e idéias diferenciadas, são questionadores e inquietos, capazes de não deixar-se alienar pelo sistema vigente dos urubus que Chico tanto falou...

“um homem roubado nunca se engana”, às vezes sim... nem sempre!
Mas a frase “quanto mais miséria tem mais urubu ameaça”, te diz algo? Te identifica algo?
Nosso como, recife está sendo devorada por urubus famintos, que se alimentam da ignorância desse povo, de sua pobreza...

Na manguetown a lama é para todos, exceto os urubus.

A arte deste cara foi tão pungente, tão transformadora que seu legado mantém vivo até hoje a nação zumbi, quantas bandas continuaram com tamanha força após perder seu líder? Bem talvez porque dentro da nação existissem muitas cabeças geniais, sim sem dúvida, ideologias, pensamentos e idéias musicais tão bem entranhadas em cada um, tão sincronizadas com o movimento que nos dá ainda hoje o prazer de ver a nação zumbi tocar...
E ver sua influência em tantas outras, ainda temos mundo livre, e vem mombojó, e cordel, e tanta gente que graças a Chico e aos contemporâneos do movimento gritaram em alto

Recife é aqui pensamos e criamos, estamos vivos e temos som da melhor qualidade...desculpe mas misturar rock com maracatu, caboclinho, reizado  e cavalo marinho não é pouca coisa, é revolucionário! É lindo!
Uma das melhores experiências musicais que alguém pode ter é ver a nação ao vivo, gente, a junção do som do baixo, da guitarra unido as alfaias dos maracatus é simplesmente genial, sei lá, não tem outra palavra, seu coração pulsa junto, bate na garganta chega à boca, você sente-se parte maior de algo, tua terra, teu som tua raiz unida ao som do rock putz é lindo, é emocionante é de verter lágrimas, perdi a conta de quantas vezes isso me aconteceu, emociono fácil, ver a nação zumbi no palco é sentir milhares de pessoas dizendo
“Chico você ta aqui, brigada, você vive”
Ele é imortal gente, sua obra sobrepuja o tempo, o espaço,
Chico era tão arretado, tão envenenado que partiu no melhor da festa, deixou uma coisa tão grande assim porque se sabia imortal, pregou uma peça na gente, e certamente ta olhando e dizendo, que a manguetown está onde ele queria que estivesse, no centro do mundo, com seu legado, provou que os caranguejos pensam sim, e muito!

Nos próximos dias assistirei mais um show da nação zumbi, e esse turbilhão de emoção vai ser massa, e quando estiver com meus amigos cantando com recife embaixo dos pés certamente sentirei exatamente assim:

“Fechando os olhos e mordendo os lábios, sinto vontade de fazer muita coisa’ (“Enquanto o Mundo Explode”)


Link para ler o manifesto caranguejos com cérebro escrito por Fred 04
http://manguebeat.wordpress.com/2007/12/31/o-manifesto-do-mangue-beat/
http://memorialchicoscience.com/

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

uma rua chamada moeda

De quantas formas um bairro pode fazer parte de uma vida?
 E uma rua?
É algo relativo e sempre dependerá de como as pessoas vêem o mundo, o vivem e se relacionam com seu meio.
Uma cidade é uma entidade viva, pulsante, de veios sanguinolentos e cálidos a contar histórias e a receber e dar influências a quem se permita.
Poucos lugares relacionam-se tão bem com a diversidade quanto meu recife (o bairro), e poucos redutos são tão emblemáticos quanto minha moeda (a rua).
Idolatrada, personificada, maltratada, estereotipada, vitimada pelo preconceito, amada, festejada, tantos adjetivos cabem nela.
Na rua da moeda cabe um universo, coexistem figuras e histórias tão distintas que só fazem aumentar sua magia.
Se você disser que freqüenta a rua, pode ser alvo de um olhar que traduz, é maconheiro, é roqueiro doidão... hahaha
Delícia essa imagem marginal dos frequentadores de minha rua, sim senhores se você lá vai deve ser indubitavelmente da tribo dos roqueiros, aquelas figuras que se amontoam tal quais corvos em bando, pousados em suas calçadas, sempre estranhos a ouvir musicas estranhas, ok curto rock e não vivo all Black, você crê? Yes!
Ou pode ser um apreciador da canabis, que se refugia para poder fazer em grupo o que é não-legal... haha nem sempre.
Ou você é alternativo, curte um som diferente, maracatu, coco, seiláoque, essas manifestações que fazem todo domingo, coisa que turista gosta.
Nem sempre amigo.
Pois bem, a rua da moeda aceita todos, e mais ainda, na minha adolescência predominantemente amante do rock e do alternativo encontrava-se lá, pessoas politizadas, com discurso e idéias, ideais e bom humor, tudo regado a vinho barato, cerveja, muita risada som alto e conversas infindas, nas mesas dos bares não tão bonitos, mas sempre tão atrativos, bar do seu rainha sempre a nos tratar como filhos, se o som não agradava era só pedir aplaudir gritar que a coisa se resolvia, sem estresse, brigas ou coisa assim, as calçadas eram ótimas companheiras, claro nem sempre estudante tem grana, então, cota para a bebida e calçada para sentar...
O importante era estar...
Tanta gente interessante, tanta ideologia ali presente, depois que a soparia do Roger fechou, creio que seus órfãos migraram para a rua da moeda.
Tantos anos e tantas mudanças em minha rua,em muitos momentos os que a freqüentavam, sentimo-nos preteridos, a despeito de obras que não acabavam, tentaram elitizar minha marginal, não sou contra o novo, pelo contrário, sempre bom coisas novas e que somem algo, galerias e restaurantes finos, olha a marginal virando Cult!
Reforminhas e tentivas de elitizá-la não declarados claro...
Não adianta, os corvos ainda estão lá, nossos bares de paredes sujas também, os que gostam de reggae ainda colorem as calçadas e agora dividimos nosso espaço com rodas de samba, e personagens que não sabem o que o movimento mangue representa...manguebeat?  Que é isso mesmo?
Ok, sem preconceito, afinal a moeda tem mais que duas faces, cabem meu recife inteiro, se você declarar-se freqüentador não adianta, ainda vão te chamar de doidão...
Mas é bom ser doidão na moeda, quando lá estamos com amigos conversando, lembramos que nem tudo é feio e promíscuo, que apesar de... tanta coisa
Ainda somos livres pensantes e que idéias surgem o tempo todo, que Chico science está vivo, e que o mangue se reinventa, minha manguetown tem uma rua das  mais cosmopolita deste mundinho mais ou menos.
E lembramos que não precisa de motivo pra p.n., nem de evento acontecendo basta chamar os amigos pra tomar uma cerveja ou um vinho gelado na rua da moeda, que o resto é história!

















segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

lembranças esquecidas



hoje descobri lugares tão secretos
que eu mesma desconhecia.

achei coisinhas lindas
impregnadas com lembranças doces de outrora.

haviam rendas e tule também
e o perfume, ainda estavalá.

me eram tão queridos
me eram tão especiais
e eu os esqueci.

haviam sonhos enroscados
e entre as pérolas, poeira.

aroma de saudade
com áura de solidão...


Ana Paula Lacerda Copyright ©

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

a fé que move o nordestino

107 ANOS DE HISTÓRIA E TRADIÇÃO



Existe uma força tão grande entranhadano nordestino, uma força que o faz acreditar em dias melhores,     que o faz crer que não estamos desamparados, é algo tão pungente que emociona.
fAlo da fé, a fé pode ser descrita como uma característica marcante de meu povo, de minha gente, algo de lindo e sobrenatural, algo que não se entende.vive-se!

Ser nordestino antes de tudo é acreditar, é ter muita fé, e não importa o quanto sofrido sejamos, acreditamos...oramos, e festejamos...sim com romarias e encontros que reúnem tanta gente que tenho certeza, faz até os céticos pensarem... “meu deus, como isso é forte”, sim nossa fé é inabalável.

Dia 08 de dezembro comemora-se em recife o dia de nossa senhora da conceição, nossa maior festa religiosa, sua imagem está no alto de um morro, um tanto distante verdade, mas isso é apenas um detalhe, quando observamos a multidão de devotos que estão ali para agradecer, pedir ou apenas orar, algo tão bonito que não cabe em palavras, que imagem nenhuma pode traduzir.

 Podemos ver pessoas que caminham de longe, que sobem de joelhos o morro, crianças que desde tão novos, são imbuídos deste sentimento tão nobre...
Ao morro vai-se para contemplar
Para orar
Para pedir
Para agradecer
Mas sobretudo, vemos uma força tão profunda, uma devoção tão filial, que mesmo não sendo a pessoa mais religiosa você se rende...
Aos pés da imaculada você é mais um filho...
Inexoravelmente você fará uma oração, tão íntima, tão sua, que não precisa  ser demonstrado, afinal ela é a mãe...e mãe entende seus filhos.

Penso que a fé, é a amálgama mais forte que faz com que esta vida, tão árdua, tão ingrata para tantos, faça os dias tão suportáveis, faz com que nós, nordestinos não nos revoltemos, não desanimemos, muito menos tenhamos em algum momento queizer, que estamos sozinhos...
É impossível, diante dela, a figura da mãe tão acolhedora nesta sociedade ainda predominantemente patriarca, nesta geografia que ainda traz ostraços do coronelismo disfarçados de bom mocismo
Através de olhos bonitos
Através de esmolas políticas, onde teiman em nos oferecer o que é nosso por direito, disfarçado de caridade.

A despeito disso tudo, não precisamos...
Basta olhar para um morro de recife, e contemplar
afigura da mãe, a que provém sua família, a que roga por nós...
E se você questionar a fé somente basta?
Eu te respondo a você não sei, mas aos nodestinos....sim!!!













Festa do Morro da Conceição origem histórica


Segundo a FESTA MORRO CONCEIÇÃO tradição da Igreja Católica, a imagem da Virgem da Conceição chegou ao Brasil na época do descobrimento, em uma das naus de Pedro Álvares Cabral.


Porém, a veneração à Virgem da Conceição, começou a existir a partir de 1586, com a chegada dos jesuítas e suas missões de catequese. Aonde eles aportavam fundavam Congregações Marianas, com a finalidade de facilitar a doutrina religiosa cristã aos índios.

O perfil carismático da imagem de Nossa Senhora da Conceição, representa Maria Santíssima, vestida de branco, envolvida em um manto azul, de pé sobre o globo terrestre, com as mãos unidas em oração, e os olhos voltados para o céu, esmagando uma cobra com os pés, símbolo do pecado original.

No Recife, o culto consagrado à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do morro de Casa Amarela, é uma das maiores festas religiosas e tradicionais, que acontece em quase todos os estados brasileiros.

A festa no morro teve origem a partir da comemoração do cinqüentenário do dogma da Imaculada Conceição no Brasil em 1904. Nesta época, o bispo diocesano D. Luís Raimundo da Silva Brito mandou construir uma capela em estilo gótico, e encomendou uma réplica da imagem da Virgem da Conceição vinda de Portugal, toda em ferro, cuja inauguração foi no dia 8 de dezembro de 1904. Até então esta capela pertencia à comunidade do Poço da Panela.

Com o passar dos anos, o morro foi povoado por gente humilde e desabrigada das regiões ribeirinhas da cidade do Recife, em decorrência das constantes enchentes do rio Capibaribe .

Em 1974, diante do progressivo desenvolvimento urbano dobairro de Casa Amarela, houve o desmembramento da área do Morro da Conceição e adjacências, para a criação da nova paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro, instaurada em 8 de dezembro do mesmo ano. No ano seguinte, a paróquia passou a denominação de Matriz do Morro da Conceição.

As comemorações em homenagem à Virgem da Conceição do Morro, iniciam-se na semana que antecede o dia 8 de dezembro, no pátio da Igreja, com a realização de missas, novenas, reza de terços e a tradicional peregrinação ao morro, pelos fiéis, penitentes, devotos, pagadores de promessas, visitantes e a população geral, o que se constitui na maior romaria do Recife, um exemplo de fé e humildade cristã, que é o elemento necessário à sobrevivência material e espiritual do povo brasileiro.

Paralelo às homenagens que a Igreja Católica faz a Nossa Senhora, existem os cultos afro-brasileiros, que a veneram como sendo Iemanjá, rainha das águas, de todas as mães, princesas e donzelas, protetora dos navegantes, pescadores e marinheiros do mar, dos rios, e lagos.

Diante dessa mistura de crença e religião, Maria, Mãe de Jesus, é fonte de inspiração de amor maternal, de milagres e esperança do povo brasileiro.

                                                                                  
 
Fonte: MACHADO, Regina Coeli Vieira. Festa do Morro da Conceição. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>.